terça-feira, 8 de outubro de 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Segunda é dia de Luis Fernando Veríssimo

Bom, segunda é uma merda, então nada melhor do que ler alguma coisa que presta...
Foi!!




Meus dois pedidos, Luis Fernando Veríssimo



Agora posso contar. Fui eu que consegui a vitória do Internacional no Campeonato Mundial Interclubes, no Japão, em 2006. 

Foi assim. Recebi uma oferta do Diabo pela minha alma. Veio por e-mail, de sorte que nem vi a sua cara. Ele procurava na internet pessoas dispostas a trocar sua alma pelo que quisessem. Respostas para 666belzebu.com. A pessoa empenhava sua alma ao Diabo, para entregar na saída, e em troca poderia pedir duas coisas. Mas só duas coisas. 

Perguntei como eu poderia ter certeza que ele cumpriria a sua parte no trato. Depois da minha alma empenhada, contrato assinado com sangue etc., ele poderia simplesmente não atender aos meus pedidos. Ele propôs que fizéssemos um teste. Que eu pedisse alguma coisa impossível. Que o meu pedido fosse um delírio, algo totalmente fora da realidade. Se ele cumprisse o prometido, eu saberia que sua oferta era para valer. E só então lhe entregaria a minha alma. Concordei. 

Qual seria o meu primeiro pedido? Pensei imediatamente no Internacional. Está certo, antes pensei na Luana Piovani, mas aí achei que poderia dar confusão. Em seguida pensei no Internacional. Um Campeonato do Mundo para o Internacional! Decisão contra o Barcelona. Sua resposta veio num e-mail conciso: 

“Feito.” 

E foi o que se viu. Vitória sobre o Barcelona contra todas as probabilidades. Inter campeão do mundo. O trato com o Diabo era, por assim dizer, quente. E eu podia fazer meu segundo pedido. Um bicampeonato do mundo para o Inter? Concluí que estava sendo egoísta demais. Estava pensando só na alegria dos colorados — e passageira, pois não poderia pedir vitórias do Internacional em todos os campeonatos, para sempre — e esquecendo o meu país. Deveria pedir, pela minha alma, algo que desse alegria a todos, inclusive gremistas. O quê? Quero que o Brasil se transforme num país escandinavo. Agora! Um país organizado, sem crime, sem fome, sem injustiça, sem conflitos, magnificamente chato. Era isso: minha alma por um país aborrecido! 

Foi o que botei no meu e-mail para o Diabo. Ele respondeu perguntando se eu tinha pensado bem no que estava pedindo. Eu deveria saber que a adaptação seria difícil. A conversão da moeda, a língua, o frio, os hábitos diferentes… E que seria impossível preservar tudo o que nos faz simpáticos, e criativos, e divertidos — enfim, brasileiros no bom sentido — sem a bagunça e o mau caráter. Ou ser escandinavo só durante o expediente e brasileiro depois das seis. Era mesmo o que eu queria? 

“É”, respondi. “Chega desta irresponsabilidade tropical, desta indecência social disfarçada de bonomia, desta irresolução criminosa que passa por afabilidade, deste eterno adiamento de tudo. Faça-nos escandinavos, já!” O Diabo: “Tem certeza? Já?” 

Eu: “Bom… Depois do carnaval.”

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ahhhh, o GTA V...

Opa, beleza?

Propaganda totalmente ~~de grátis~~ hoje.
Um PUUUUUTA canal com gameplays de jogos:



Eu que já tava vendendo um rim pra comprar um PS3 e GTA V, agora vendo... bom, não vendo porra nenhuma, mas a cada vídeo que eu vejo nesse canal eu fico mais perto de torrar uma grana e comprar o kitzinho da alegria...



Bom, aí vaí um dos vídeos do canal pra sentir o gostinho...




Sempre tem uma solução!


Tá 56 anos atrasado pra pegar aquele trem? Não tem problema...

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Os meios e os fins, Luis Fernando Veríssimo

Opa, beleza? Voltando (pela 1561234654ª vez) com o blog!
E nada melhor do que voltar com uma crônica do gênio maior dessa m... de país: Luis Fernando Veríssimo!







Não faz muito, cientistas conseguiram aumentar a velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo. Um feixe de luz produzido em laboratório atravessou uma câmara cheia de gás césio com tanta rapidez que chegou ao outro lado antes de ter saído, ou saiu antes de ter entrado! Foi outra certeza científica irrefutável — a da velocidade da luz num vácuo como a máxima velocidade possível e uma das constantes invariáveis na Natureza — refutada. A explicação dos cientistas é de que um pulso de luz é formado por ondas, e os átomos do gás césio resfriado, usado na câmara, ampliaram a freqüência das ondas mais do que qualquer outro meio de propagação conhecido, e mais até do que o vácuo, teria conseguido. 


Um experimento parecido poderia ser feito no Brasil substituindo-se feixes de luz por escândalos e medindo a sua duração, segundo o meio que atravessam. Aqui há escândalos que terminam antes de começar, ou então começam e, misteriosamente, desaparecem no caminho. Outros perduram, crescem, vão, voltam e exigem explicação. A diferença entre um fenômeno e outro é a natureza do meio. Num caso, em vez de conduzir o fato ao seu desfecho natural, o meio o absorve, desvia, engaveta ou mata. Foi o que aconteceu com freqüência num passado recente, em que o equivalente ao gás césio resfriado era um conluio de interesses arraigados, conivências tácitas, polícia omissa e imprensa amiga que não deixou nenhum escândalo chegar ao outro lado, ao esclarecimento e à conseqüência, ou sequer aparecer. No outro caso, o meio de propagação é um gás de interesses contrariados, conveniências tácitas, polícia ativa e uma imprensa não tão amiga que faz os escândalos aparecerem. 


Mas, como tanto os escândalos abafados do passado quanto os gritantes de hoje têm um destino comum — não dão em nada —, a analogia talvez esteja errada. O que prejudica a passagem do fato para o efeito e do crime para o castigo não é o meio de propagação — é o vácuo moral em que nos acostumamos a viver, com tanta impunidade acumulada e tão cinicamente defendida. Teríamos chegado a um ponto em que investigação completa e punição certa de qualquer caso escandaloso pareceriam uma coisa até meio, sei lá, antinatural.